Resenha do livro "A Canção de Aquiles" de Madeline Miller - Editora Jangada - Grupo Editorial Pensamento


Sinopse
Baseada na Ilíada, esta obra é uma reconstituição da épica Guerra de Troia. O tímido príncipe Pátroclo é exilado no reino de Fítia, onde cresce à sombra do rei Peleu e de seu extraordinário filho, Aquiles. Apesar de suas diferenças, os meninos logo se tornam companheiros inseparáveis. Os laços entre eles se aprofundam à medida que se tornam adolescentes e hábeis nas artes da guerra e da medicina - para desagrado e irritação da mãe de Aquiles, Tétis, uma cruel deusa marinha que odeia os mortais. Quando se espalha a notícia de que Helena de Esparta foi raptada, os homens da Grécia, ligados por um juramento de sangue, têm de partir para invadir Troia e salvar Helena. Seduzido pela promessa de um destino glorioso, Aquiles junta-se à causa. Pátroclo, dividido entre o afeto e o temor por seu amigo, acompanha-o. Mal sabem eles que os deuses do destino os colocarão à prova como nunca antes, exigindo deles um terrível sacrifício.




Editora: Jangada
ISBN 9788564850330
Categoria: Ficção Histórica
Edição 1 / Ano 2013
Formato: 16cm x 23cm
Número de Páginas: 392
 


Caro(a) leitor(a) se você vive neste planeta, você com certeza já ouviu falar de Aquiles, se não foi no filme Tróia de 2004, estrelado por Brad Pitt, pelo menos já ouviu na famosa expressão o “calcanhar de Aquiles”. Brincadeiras a parte o mito de Aquiles, é um dos mais difundidos. Aquiles era o ideal do guerreiro perfeito. Sendo inclusive objeto de culto heróico arcaico. Um breve resumo do seu mito, um misto das versões homérica e pós-homérica:

Fruto de uma união entre a nereida (ninfa marinha) Tétis e Peleu, rei dos mirmidões da Fítia, Aquiles foi banhado pela mãe, ao nascer, nas águas do Estige, o rio infernal, para tornar-se invulnerável. Mas a mãe o segurou pelos calcanhares e a água ali não o banhou, mantendo-o humano naquele ponto. Sabedora de que o filho estava destinado a seguir a missão de herói e que, segundo uma profecia, morreria cedo em um campo de batalha, Tétis escondeu Aquiles como menina na corte de Licomedes, na ilha de Ciros, para mantê-lo a salvo. Mas outro herói, Odisseu (Ulisses como é mais conhecido no Brasil), o personagem mitológico que mais gosto, protegido por Palas Athena, detentor de incrível inteligência e esperteza, sabedor da força de Aquiles, recorreu a um ardil para identificá-lo entre as moças. Aquiles, resoluto, assumiu a missão a ele destinada e marchou com os gregos sobre Tróia, para impor a ordem sobre o caos. No nono ano de luta, Aquiles capturou a jovem Briseida, que lhe foi tomada por Agamenon, chefe supremo dos gregos. Ofendido, o herói retirou-se da guerra, mas cedeu a seu amigo Pátroclo a armadura que usava. Pátroclo foi morto por Heitor, filho do rei de Tróia, Príamo. Sedento de vingança, Aquiles reconciliou-se com Agamenon, retornou à luta e matou Heitor. No entanto, o deus Apolo revelou aos inimigos do herói que os calcanhares eram seu ponto fraco e Páris, irmão de Heitor, acertou-lhe uma flecha envenenada no calcanhar, matando-o.

A Ilíada, história na qual a autora se inspira, mas não é sua principal fonte, passa-se durante o nono/décimo ano da guerra de Troia e trata da ira de Aquiles, e sua disputa com Agamenon, e consumada com a morte do herói troiano Heitor (ou Héctor), terminando com o funeral deste. A autora permanece fiel às descrições de Homero, inclusive sobre a não invulnerabilidade de Aquiles, mas complementa a história dos personagens com outras obras da Antiguidade. 

Os mitos são elementos historicamente constituídos, e expressa a mentalidade e o conjunto de valores de um povo em uma determinada época. E havendo alguma alteração destes valores, ou uma mudança no regime político-social, essas mudanças são em geral captadas pelos mitos, que se modificam para se adaptar à nova realidade daquele povo. E é isto que Madeline Miller, especialista em Literatura Grega, faz em neste romance histórico, de forma magistral, uma releitura da história/mito de Aquiles, sendo a esta relatada sob o prisma de Pátroclo.
A relação dos dois é muito controvertida, alguns autores defendem que eram apenas companheiros de armas, possuindo inclusive camas separadas, e a sua relação era classificada como o ideal perfeito de amizade, enquanto outros afirmam que havia uma relação homoafetiva entre os dois. E é este parâmetro que Madeline Miller explora.

O livro, excelente e envolvente por sinal, merecedor de toda a honraria que ganhou. A autora resgata o mito e conta uma bela e trágica história de amor, acima de tudo, e luta. A chegada de Pátroclo a Fítia, a construção da relação dos dois, a infância ingênua, o início do relacionamento afetivo, a oposição de Tétis, o treinamento por Quíron (um dos meus personagens favoritos neste livro e na saga dos Olimpianos de Rick Riordan,), a estadia na corte de Licomedes e a fatídica Guerra de Tróia e o seu final trágico, todos estes aspectos são tratados de forma cativante, sendo impossível não se apegar e envolver-se nas dores e alegrias dos personagens.

O final é bem emocionante, e feito de forma lírica, o diálogo final entre Pátroclo e Tétis é espetacular. E como bônus, a autora faz um glossário com todos os personagens que aparecem na trama. 








 

Marcelo Daltro – Pai e marido apaixonado pelo filhote e esposa, ilustrador, chargista, Bacharel em História (especializado em mito, imaginário e história em quadrinhos), fanático por cultura pop: quadrinhos, filmes, livros, desenhos animados, séries e RPG.
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5 comentários

  1. Oi Marcelo!
    Toda minha vida ouvi a expressão "calcanhar de Aquiles", mas foi mesmo com o Brad Pitt que conheci melhor o mito de Aquiles, e com certeza a leitura numa versão menos Hollywoodiana do mito viria a calhar, pois pelo visto Madeline Miller explora muito bem o assunto.
    Beijos... Elis Culceag. * Arquivo Passional *

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    1. Elis, esta versão é um romance baseada no mito, então não pode ser considerada 100% baseada em fontes históricas, as pontas soltas da trama que são amarradas, são uma interpretação da autora, mas vale a pena ler.
      :)

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  2. acho mitologia muito interessante, mas, dos livros que li com esses temas, nenhum deles me agradaram
    a leitura, para mim, se torna lenta e cansativa :(

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    1. Rayme, o ritmo de leitura do livro é bastante agradável e veloz, pode ser que te surpreenda no sentido positivo.

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  3. A guerra de Troia é um dos contos que mais li quando era criança e uma vez que você gosta de um determinado personagem, isso fica para sempre. Aquiles era o meu preferido e embora tenha aprendido gostar de outros personagens, esse ainda tem um lugar reservado para as leituras que faço. Se houver algo relacionado a ele, corro e leio. Ainda não li esse livro mas ele já está há um bom tempo na minha lista. Falta de tempo ($$), rsrs, ainda não pude comprar, mas chego lá.
    Gostei muito da resenha.

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