Resenha "Extraordinário" de R.J. Palacio


Edição: 1
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580573015
Ano: 2013
Páginas: 320
Skoob

"August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela e uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações medicas. Por isso, ele nunca havia frequentado uma escola de verdade... ate agora. Todo mundo sabe que e difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tao diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele e um menino igual a todos os outros."
R. J. Palacio criou uma historia edificante, repleta de amor e esperança, em que um grupo de pessoas luta para espalhar compaixão, aceitação e gentileza. Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade um impacto forte, comovente e, sem duvida nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar todo o tipo de leitor.






Antes tarde do que nunca. É assim que eu começo essa resenha porque tenho a sensação de que sou um dos poucos leitores que só leu Extraordinário agora. Sempre vi muitas pessoas comentarem sobre o livro e minha vontade de acompanhar a história de Auggie só foi aumentando, porém foram surgindo outras leituras e fui empurrando com a barriga. Por um lado foi ruim conferir essa história somente nesse momento, já com o filme em cartaz, mas por outro, eu precisava de uma leitura tão bela e inspiradora para finalizar o ano com chave de ouro e fico feliz de ter conseguido isso. Em um ano cheio de altos e baixos, Extraordinário veio na hora certa. Foi a minha melhor companhia durante uma semana e me senti como se fosse amiga do nosso protagonista. Ahh! Como eu queria ser best friend forever dele! 


A sinopse já conta o que é necessário saber. Auggie nasceu com um problema genético que deixa a face deformada e durante toda a sua vida até agora precisou passar por diversas cirurgias para poder melhorar essa condição. Sua mãe, Isabel, foi a responsável por educar o menino, já que ele não frequentava a escola. Porém, Auggie está com dez anos e vai se deparar com a novidade de estudar em uma escola pela primeira vez. Surge bastante insegurança, pois ele está ciente de que não é uma criança normal quando se trata de aparência. Sabe que não será fácil se adaptar a essa nova fase. Durante toda a vida teve que lidar com os olhares assustados das pessoas quando o conheciam, ou quando passeava na rua. Mas, mesmo assim, ele vai encarar o desafio. A partir desse momento ele vai enfrentar diversas situações, vai fazer amizades, vai sofrer com bullying, mas nada faz com que ele perca sua essência, seu caráter e de ser gentil com o próximo. 

A família amorosa de Auggie demonstra ao longo da leitura, como é importante as pessoas estarem unidas e presentes na criação de uma criança, mais ainda no caso de uma criança fora dos padrões. Seus pais, Isabel e Nate, sua irmã Via, são personagens incríveis, humanos, e que dão toda a força que o personagem precisa para seguir em frente. Tem várias partes bonitas e emocionantes envolvendo eles, principalmente com a irmã. Ela narra suas necessidades, vontades, sentimentos e como é difícil lidar com essa situação.

"August é o sol. Eu, a mamãe e o papai giramos em volta dele. O restante de nossa família e de nossos amigos são asteroides e cometas flutuando ao redor dos planetas que orbitam o do sol. [...] Estou acostumada ao modo como esse universo funciona. Nunca me importei porque sempre foi assim."

Na escola, Auggie vai ter amigos como os personagens Summer e Jack Will, mas sofrerá com a indiferença, distanciamento e com o preconceito de outros personagens. Os momentos onde podemos ver o bullying ao protagonista foi muito bem escrito, não foi tão pesado, porém dá para ficar com os olhos marejados. Afinal faz com que você reflita como as crianças podem ser cruéis umas com as outras.

Auggie é bem carismático, inteligente e tem partes que ele faz comentários ruins sobre sua própria aparência. Não é que ele não tenha amor próprio, mas ele era ciente e realista de como ele era perante a maioria das pessoas. Porém conforme a leitura fluí ele vai amadurecendo essa ideia e vai ver que ele é muito mais que o físico, usando isso até a seu favor para interagir com os outros. Acredito que dependendo do ponto de vista, os defeitos, independente de quais sejam, podem se tornar qualidades a medida que você consegue conviver bem e aceita-los. 

"Aliás meu nome é August. Não vou descrever minha aparência. Não importa o que você esteja pensando, porque provavelmente é pior."

O livro é narrado em primeira pessoa, tanto na perspectiva de Auggie como também de seus familiares e amigos. Podemos ver desse modo como cada um pensa e reage em relação ao protagonista e também tudo o que Auggie está passando nessa fase delicada e o seu desejo de ser aceito como um garoto como os outros. Muitos momentos divertidos e outros mais comoventes são explorados durante todo a leitura.

A autora trouxe um livro sutil para se falar de temas pesados. Tudo que envolve criança precisa ser muito bem escrito, principalmente porque você precisa pensar como tal, suas vontades, desejos, birras dessa fase, e R.J. Palacio soube fazer isso da melhor maneira possível. O comportamento infantil quando engloba a dificuldade de aceitação de diferenças, bullying, entre outros, não são assuntos fáceis de se abordar e é admirável ao longo de toda a leitura como a autora soube criar todo o contexto de uma forma que fizesse o leitor refletir, mas ao mesmo tempo se divertir e se sentir fascinado a história.


Gostei de todos os personagens, mas teve um em especial que, por questão de identificação, me fez relembrar do passado, que foi a amiga de Auggie, a Summer. Quando eu era criança na época da escola, gostava de me tornar amiga justamente das pessoas que eu sabia que seriam excluídas pelos outros. Ou quando não era isso, eu tentava enturmar algum coleguinha novo que eu via sozinho, distante, deslocado para perto de mim e dos meus amigos. Nunca liguei se não seria popular por conta disso, o meu objetivo era conhecer as pessoas e fazer amizade. Lógico que nem todos continuaram presentes na minha vida até hoje, mas foram boas amizades no período que durou. Eu fazia a minha parte como ser humano naquele ambiente no qual eu estava presente e me sentia muito bem com isso. Sempre fui uma criança preocupada com o próximo, mas é o tipo de coisa que particularmente não tem muita explicação, acredito que já nasceu comigo. Meus pais, adultos no geral, não precisavam falar algo do tipo: vai lá, ajuda fulano! vai lá, conversa com ele! Eu ia e fazia por conta própria. Já teve uma vez de uma coleguinha sujar a roupa e eu doar meu casaco para ela (acho que eu tinha uns cinco anos na época), já teve também de estar passando na rua e ver uma criança com fome e dar o que eu estava comendo para ela. Já tive amizade com coleguinhas que eram bem pobres. Enfim, foram várias situações que eu agia sozinha e me colocava no lugar da pessoa assim como a Summer. Por isso ela foi um dos meus personagens preferidos, consegui me ver nela.

"Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil"

Esse é o tipo de leitura que todos deveriam ler pelo menos uma vez na vida. Escrita simples, mas com uma bagagem imensa. Não precisamos de complexidade para se falar de amor. Quando digo isso falo de todos os tipos de amor que existe. É ele que está presente em todas as relações humanas, independente da intensidade. Extraordinário fala de amor, mas aquele amor que anda esquecido ultimamente, muito comentado, mas pouco praticado: o amor ao próximo. Ele deveria estar no nosso dia-a-dia, olhar o outro com carinho, bondade, compaixão, não julgar ou ofender alguém que não sabemos de sua história e seus problemas e, mesmo se soubermos, tentar ajudar, tentar se colocar no lugar dele. Falar sobre empatia deveria ser algo comum em casa, com a família e amigos, e muito mais que isso, praticar empatia deveria ser um dos focos de cada ser humano nessa vida. Pois como poderemos ser pessoas melhores, se não soubermos enxergar os outros que estão a nossa volta? 


"Coragem. Bondade. Amizade. Caráter. Essas são as qualidades que nos definem como seres humanos e acabam por nos conduzir à grandeza." 

Algo que reparei com Extraordinário é que podemos ver três exemplos sobre empatia: aquelas pessoas que já nascem com empatia, aquelas que acabam aprendendo a ter empatia e aquelas que jamais aprenderão a ter empatia pelo próximo. Personagens que mostram bem cada um desses três tipos é a Summer, Jack Will, os coleguinhas da escola e Julian e sua família. Foi interessante observar esses aspectos, pois é algo real na nossa sociedade, pois lidamos diariamente com pessoas assim. 

Extraordinário é acima de tudo uma lição de vida, de amizade, de empatia, de ser gentil com o próximo. Em um mundo cada vez mais avesso e distante desses belos e puros sentimentos, um livro que trás a tona essa reflexão e a demonstração de que sim é possível ser um ser humano melhor e fazer a diferença em sua breve presença nessa Terra, não tem como não ser maravilhoso e digamos, assim como o título, um livro extraordinário. Fecho o ano de 2017 com essa resenha e toda a mensagem que essa leitura oferece. Agora... #partiu conferir nas telonas! Um feliz 2018 para todos! 

"Acho que deveria haver uma regra que determinasse que todas as pessoas do mundo tinham que ser aplaudidas de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo"


3 comentários

  1. Olá Vivian, eu amo demais esse livro, fez resenha lá no meu blog e demonstrei lá todo meu carinho pela história!
    Parabéns pela resenha!
    https://estanteclassica.blogspot.com/

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  2. Oii Vivian, amei a resenha, eu só assisti ao filme e amei, imagino que o livro é mil vezes melhor hahahaha quero ainda ler.
    - Beijos, Carol!
    http://entrehistoriasblog.blogspot.com.br/

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  3. Oi Vivi, amei sua resenha! Eu só assisti ao filme, mas quero muito ler, a história é linda e adorei os exemplos de empatia que vc dá, só posso concordar com vc!!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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