SINOPSE
Por detrás das roupas surradas masculinas que costumava vestir, um mundo
incrivelmente estranho se escondia. Nadia sabia que sua cabeça não era
comum e que suas ideias divergiam do que era normal. Apenas ela
conseguia ver o que não existia. Apenas ela era capaz de desenhar com
perfeição um personagem visto em um sonho.
Guitarrista, estudante, filho, cético, objeto sexual de quem o quisesse.
Ainda assim, Adrien não era feliz. Contudo, a vida monótona e libertina
parecera ganhar um sentido especial quando estranhos sonhos se
projetaram em sua mente e quando a missão aparentemente inimaginável lhe
fora imposta: impedir que uma determinada garota chegasse ao Yume, o
local proibido para meros humanos.
Titulo: Yume
Autora: Kamile Girão
Editora: Dracaena
Ano: 2011
Pág.: 361
Vivendo em um país como o Brasil que se
encontra na periferia do mundo é impossível vez ou outra não se perguntar: "O
que difere uma cultura hegemônica de uma cultura periférica?".
Bem, para uma pergunta como essa existem muitas respostas, mas quando terminei
de ler Yume pensei: "Cáh
está um grande exemplo do que difere a periferia do centro do mundo, se Yume
fosse escrito nos Estados Unidos ou Inglaterra facilmente ele estaria na lista
dos best-seller, até os que torcem o nariz para esse tipo de texto estariam
dando uma chance a ele e 2013 haveria um filme contando essa história no cinema
mais próximo de todas as casas.".
Putz, a Kamile é uma contadora de história
nata, uma imaginação fervilhante. Na orelha do livro ela nos informa que nasceu
na década de 1990, li isso antes de começar o livro e pensei: "Oxe! É um bebê Jesus, deve
ter a idade de minha irmã (19 anos), vou ler com carinho!", quando
terminei li novamente e pensei: "Caracá! Néh a toa que Mery
Shelley escreveu Frankenstein aos 18 anos!".
Em Yume Kamile narra a história de como a
pequena menina Nadia, moradora dos subúrbio de Berlim se encontra através dos
sonhos com o estudante universitário Adrien e acaba descobrindo além de um amor
bonito inúmeros mistérios.
Nadia é uma sonhadora nata, na mente dela
realidade e fantasia se misturam de uma forma tão intensa e verdadeira que
acaba despertando o interesse de forças que vão além da compreensão humana
atraindo para si o perigo. Já Adrien é um cético, alguém que desaprendeu como
se sonha, um pássaro ferido pela crueldade do mundo, não é um príncipe em
potencial, mas quem dos homens feitos de carne e sangue é néh?!?!
Os dois são os polos opostos que se
complementam na trama de Yume, mas apesar de serem carismáticos não são o
grande trunfo de Yume. O grande trunfo de Yume é o fato de que em sua narrativa
a Kamilé nos apresenta uma interpretação diferenciada para a nossa realidade,
ou seja, ela cria ainda que timidamente, uma mitologia para seu mundo, uma
forma alternativa de perceber a realidade que orienta a narrativa.
Tal como Neil Gaiman, as meninas da CLAMP, Terry Pratchett, Sthefany Meyer fizeram, com maior ou menor pericia, ela entrelaça ao
mundo real nosso velho conhecido uma rede sobrenatural por nós não conhecida
para explicar os eventos naturais. É muito legal ler algo assim feito por uma
autora brasileira.
A parte meu momento epifania literária,
talvez seja interessante destacar a presença da música em Yume, muitas
referencias ao rock clássico, ao mundo das bandas japonesas, aliás é obvio que
a Kamile é fã de cultura oriental e isso aparece em sua narrativa e em seus
personagens, vários deles de origem japonesa. E talvez por compartilhar essas
referencias culturais muitas vezes eu senti como se estive ouvindo uma amiga
contar uma história a mim e não lendo uma estranha que nunca vi tão gorda ou
tão magra.
Outro ponto que destaco em relação ao
trabalho da Kamile em Yume foi a delicadeza e respeito demonstrados por quem
pode não saber nada a respeito da cultura oriental e derivativos, no final do
livro nós encontramos um vocabulário com as expressões mais diferentes
utilizadas na narrativa da história, ou seja, se você não precisa correr para o
Google quando aparecer uma referencia a lolitas, uma expressão em japonês ou um
livro da década de 1990.
Por fim destaco que Yume facilmente
poderia ter uma continuação, tanto a mitologia e os personagens criados por
Kamile tem carisma suficiente para sustentar outras histórias, quando a Nadia e
o Adrien, eu adoraria ver a relação deles caminhar e amadurecer, a banda
Reticencias crescer e enfrentar as dificuldades advindas do sucesso, os irmãos
Hikari, um pouco mais do Yooki e claro e muito mais do potencial da Kamile para
criar interpretações alternativas para os eventos da realidade.
Avaliação 3 - Bom |
adorei a resenha, parece ser um ótimo livro mesmo!
ResponderExcluircomo disse vc, realmente é um bebe ainda, e parece ser um livro bem mais "adulto" ;o
Rayme quem gosta de histórias como Estilhaça-me, Belo Desastre, Crepúsculo (embora Yume realmente seja melhor que Crepúsculo) corre o sério perigo de gostar muito de Yume! É uma leitura pop, boa para jovens!
ExcluirMaravilhoso saber que existem escritores, mesmo que ainda em anonimato praticamente, com tanto talento e imaginação.
ResponderExcluirNa mesma hora me identifiquei com o nome Girão por ser da família e ainda assim ser da mesma cidade que eu, Fortaleza e não conhece-la?
Então fui em busca do perfil da escritora no face achei, acho que seria banaca conhece-la um pouco mais de perto ai esta:https://www.facebook.com/kamile.girao
Com certeza será minha próxima aquisição!
Pois é Izabella, o Brasil sempre foi um país de grande escritores, salve nosso Machado de Assis e José de Alencar, hoje não é diferente, há muitos por ai espalhados e a net nos ajuda a divulgar o trabalho dessas pessoas!!!
ExcluirAh, obrigada por trazer o link do face da Kamile!!!
A capa já é belissima, e pelo que pude notar na resenha, vemos que é um primor da nossa literatura, um livro que vale a pena ser lido, se encantar por suas páginas! Adorei conhecer um pouco mais sobre Yume, que já entrou em minha lista de próximas leituras =D
ResponderExcluirBjs
Da Imaginação a Escrita
É sim bela Sammy e tem tudo haver com a história!!! Se você cruzar com Yume aconselho você a ler!!!
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