Resenha do livro " 12 anos de escravidão" de Solomon Northup



Sinopse: A obra que originou o filme 12 Anos de Escravidão retrata a história de Solomon Northup, um homem negro nascido livre nos Estados Unidos, que após ter recebido uma falsa proposta de trabalho, foi sequestrado, drogado e comercializado como escravo, e passou doze anos em cativeiro, trabalhando, na maior parte do tempo, em uma plantação de algodão na Louisiana. Após seu resgate, Northup, com uma escrita simples e ágil, retrata os registros excepcionalmente vívidos e detalhados da vida de um escravo. Este é um dos poucos retratos da escravidão americana, redigido por alguém tão culto quanto Solomon Northup ­ uma pessoa que viveu sua vida sob a óptica de uma dupla perspectiva: ter sido tanto um homem livre como um escravo. 



Título: 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO
Editora: Seoman
Autor: Solomon Northup
Edição: 1ª edição 2014
Número de Páginas: 232


Fazer uma resenha de um livro que virou filme e foi ganhador do Oscar é um trabalho complicado e a comparação inevitável, entretanto vamos nos ater a sua base, o livro. Para quem espera um romance hollywoodiano um aviso: 12 anos de escravidão não se encaixa nessa categoria. É um romance histórico, que conta a saga de um homem livre que foi dopado, transportado e vendido, como escravo. O livro trata-se de um relato fiel e muitas vezes, quase técnico, de como se dava a escravidão no sul dos EUA. 

O contexto histórico do período da obra era de um intenso debate contra e pró-escravidão. A Cabana de Pai Tomás (1951-1952), romance de Harriet Elizabeth Beecher Stowe foi publicado, e tinha mostrado os grandes males da escravidão. Quando em 20 de janeiro de 1853, o The New York Times publicou um artigo sobre o caso de Solomon (o artigo original pode ser lido neste link: AQUI, gerando um interesse pelo caso. E no mesmo ano, sua história relatada a David Wilson, o redator final da obra, é publicada. A obra que relata os 12 anos de cativeiro de Solomon na região sul e todos os agouros que passou, interessante é que em alguns trechos ele faz uma comparação da sua história com o personagem de Harriet Stowe. 

Para os leitores atuais, que tem na escravidão uma simples recordação do passado, que entretanto ainda hoje tem consequências em nossa sociedade, a escravidão foi um grande mal, mas ao ler as palavras do autor, em um relato quase jornalístico, podemos sentir e perceber todos os aspectos da escravidão, e podemos imaginar o impacto que seu relato teve. 

A escravidão foi formada por uma intricada relação social, caracterizada pela subjugação de uma etnia sobre outra, cujas bases se firmavam na cultura, na religião e, principalmente, na economia. O negro era uma mercadoria lucrativa desde que o seu dono, soubesse cuidar dele – como de uma máquina, dando o mínimo de subsistência, treinando para que produzisse de maneira adequada ao interesse do senhor, e garantindo com a doutrinação religiosa, de que ele (o negro) deveria ser subserviente ao seu dono – assim era a “vontade de Deus”. 

O relato é um verdadeiro testemunho dos males pelos quais os negros sofriam. Entretanto, Solomon raramente emite juízo de valores, nem para o bem, nem para o mal – priorizando uma visão quase determinista da escravidão: “O senhor era bom cristão, mesmo sendo escravocrata”. Ou, “assim o senhor aprendera com seu pai, como tratar seus escravos”. O que reforça, mais ainda, o caráter histórico, a escravidão além de uma questão econômica, era principalmente uma questão de mentalidade, e Solomon é um perfeito exemplo do pensamento da época. Solomon foi resgatado, ele foi a exceção, mas a regra foi um sofrimento gigantesco e um mal histórico que gerou sequelas que são sentidas até hoje. E por meio deste livro, podemos entender as bases do porquê as questões negras no sul dos EUA, desde a Guerra da Secessão e da Abolição da Escravatura, chegando até a luta pelos Direitos Civis, foram mais complicadas, acirradas e violentas. 

É um excelente livro, por todos os seus aspectos, pelo seu valor histórico, pela história de superação de Solomon, as ferramentas que ele cria para poder suportar seus anos de cativeiro, e principalmente pelas relações humanas apresentadas. Onde nos é apresentado a vida em seu aspecto mais primordial, mostrando o melhor e o pior do ser humano.










A maior premiação do cinema de Hollywood terminou  com o resultado de uma acirrada disputa entre os favoritos ao Oscar de Melhor Filme. E “12 anos de escravidão” levou a melhor. Além do grande prêmio da noite, o drama histórico de Steve McQueen levou outros dois Oscars, nas categorias Melhor Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong’o) e Melhor Roteiro Adaptado.





Marcelo Daltro 
Pai e marido apaixonado pelo filhote e esposa, ilustrador, chargista, Bacharel em História (especializado em mito, imaginário e história em quadrinhos), fanático por cultura pop: quadrinhos, filmes, livros, desenhos animados, séries e RPG
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9 comentários

  1. Oi Marcelo, sem dúvida é um livro onde nos emocionamos e aprendemos sobre uma época tão dura. Ainda hoje me pergunto como um ser humano pode fazer estas coisas com outro ser humano só por conta da cor de pele.
    Bjs, Rose.

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  2. Eu super me adiantei e vi o filme (coisa que não gosto de fazer para adaptações) e estou muito ansiosa para comprar este livro e devorá-lo. Deve ser uma leitura densa mas prazerosa. #ansiosa

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  3. O Filme é muito bom, o Oscar de Melhor Filme foi super merecido. É uma época lamentável, me pergunto como é que pessoas, foram capazes de fazer tanta maldade com seus semelhantes só por causa de uma cor, sabe é triste. Pelo que li na resenha já deu para ver que o livro é melhor do que o filme. Espero ler logo.

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  4. Nossa o filme é ótimo com direito ao Oscar imagine o livro!

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  5. Eu assisti o filme no cinema, e me lembro de ter saído bem impressionado com tudo o que vi. Sei que o filme é uma visão bem mais leve do que o livro deve ser, e bem mais do que a realidade dessas pessoas na época, mesmo assim, saí bem diferente do que entrei. Quero muito poder ler esse livro, pois é de um teor histórico impressionante.

    @_Dom_Dom

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  6. Nossa, o filme é incrível. Mas é claro que o livro, por nos presentear com muitos outros detalhes que o filme não mostra é ainda melhor. Espero poder lê-lo logo, com certeza.

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  7. Livro maravilhoso!
    A história é impressionante!
    Preciso ler e assistir!

    Beijos!

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  8. Eu assisti o filme e ele é lindo..chorei muitooooooooo, realmente é emocionante..Com certeza vou querer ler e ter o livro.
    Parabéns pela resenha..ficou ótima.
    bjs

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  9. Eu assisti o filme e me emocionou bastante, fico a imaginar o livro, que sempre é mais completo e emocionante. Adorei a resenha.
    Bjos
    Ni
    Cia do Leitor

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