# Resenha de " A Abadia Northanger" de Jane Austen #

 

Considerado o mais ligeiro e divertido livro de Jane Austen, A Abadia de Northanger conta a história da adorável Catherine Morland, jovem fascinada por romances góticos e possuidora de vívida imaginação. Em meio aos passeios e bailes da sofisticada sociedade de Bath (onde se depara com coqueteria, insinceridade, vaidades e intrigas) e à estada na Abadia de Northanger (onde se depara com os perigos de se deixar arrebatar pela imaginação), esta ingênua e íntegra heroína encontra o amor, bem como passa a conhecer melhor a natureza humana. “Por que não aproveitar o prazer de uma vez? Quão frequentemente a felicidade é destruída por tolos preparativos!” Jane Austen “[Jane Austen] era uma mulher escrevendo sobre o ano 1800 sem rancor, sem ódio, sem medo, sem protestar, sem pregar. Era assim que Shakespeare escrevia.” Virginia Woolf.

   

Autora: Jane Austen

Editora: Martin Claret

Edição  Clássicos de Bolso

Número de Páginas:280

“Ninguém que tivesse visto Catherine Morland quando criança teria imaginado que ela cresceria para ser heroína (...) os Morland tinham poucos outros direitos à qualificação, pois eram em geral muito feios, e Catherine, durante muitos anos de sua vida, tão feia quanto os demais. Tinha uma figura delgada e canhestra, uma pele pálida e descorada, cabelos negros e lisos e feições fortes, isto quanto à aparência; e sua mente não mais propícia ao heroísmo. Adorava todas as brincadeiras de meninos, e preferia em muito o críquete não só às bonecas, mas às mais heroicas delícias da infância, como cuidar de ratos silvestres, alimentar canários ou regar roseiras.” 

Essa é a descrição que Jane Austen faz de sua heroína Catherine, em a Abadia de Northanger. A menina sem atrativos físicos na infância cresceu e melhorou um pouco, a ponto de receber a alcunha de “quase bonita” de seus pais. Com certeza, essa personagem é uma heroína atípica, até para Jane, pois se você observar a descrição das outras heroínas de suas histórias, vai ver que são moças bonitas. Porém, Catherine é comum, alguém que não se destaca por nenhuma qualidade a principio. 

Aos 17 anos Catherine é convidada por sua vizinha bem humorada, a senhora Allen, a passar seis semanas em Bath, onde seria apresentada à sociedade. Por ter 9 irmãos ela não tinha muitas atenções dos pais, e frequentar bailes era quase impossível para ela. Mas, através dessa vizinha sua aventura começa na alta sociedade. 

Em Bath, Catherine conhece Isabella Thorpe, irmã de um amigo de James Morland, um dos 9 irmãos de Catherine. Isabella bajula Miss Morland para ficar mais próxima de James, porque acha que ele tem dinheiro, enquanto que o sr Thorpe está incomodamente interessado em Catherine. Ele promove um monte de desconfortos à jovem de quem reclama atenção e ela acaba tomando pavor dele (eu mesma teria dado uns bons sopapos na cara dele se fosse a Cath).

Catherine está apaixonada pelo senhor Tilney. Ele é o oposto do senhor Thorpe, e até gosta de Udolpho seu romance favorito! Ah, falando nisso ela adora romances góticos e tem uma imaginação divertidíssima. Se ela peca pela falta de intelectualidade, que não faltava em Lizzie em Orgulho e Preconceito, mostra-se adorável por causa das suas gafes e sua credulidade, sem falar no carinho com que trata o irmão e a consideração pelas pessoas. Acredito que são essas as características que atraíram o sr Tilney à ela, por mais que Jane Austen diga que era costume os rapazes inteligentes gostarem de moças insossas, acredito que essas e a capacidade de cuidar de si mesma eram as maiores virtudes de Catherine. 

Eu adorei esse livro. É o meu segundo favorito da Jane Austen, só perdendo para orgulho e Preconceito, onde a autora tinha umas tiradas irônicas perfeitas. Este é um romance doce e leve, mas que também inspira a continuarmos perseguindo nosso caminho de forma honesta por mais que seja difícil. Meu exemplar é da editora Martin Claret, da coleção Clássicos de Bolso, 2011. Boa leitura! 

 * Postagem da Colaboradora *