Resenha "Todos os nossos Ontens" de Cristin Terril

Edição: 1

Editora: Novo Conceito

ISBN: 9788581637983

Ano: 2015

Páginas: 352

Skoob

Sinopse

O que um governo poderia fazer se pudesse viajar no tempo?

Quem ele poderia destruir antes mesmo que houvesse alguém que se rebelasse?

Quais alianças poderiam ser quebradas antes mesmo de acontecerem?

Em um futuro não tão distante, a vida como a conhecemos se foi, juntamente com nossa liberdade. Bombas estão sendo lançadas por agências administradas pelo governo para que a nação perceba quão fraca é. As pessoas não podem viajar, não podem nem mesmo atravessar a rua sem serem questionadas. O que causou isso? Algo que nunca deveria ter sido tratado com irresponsabilidade: o tempo. O tempo não é linear, nem algo que continua a funcionar. Ele tem leis, e se você quebrá-las, ele apagará você; o tempo em que estava continuará a seguir em frente, como se você nunca tivesse existido e tudo vai acontecer de novo, a menos que você interfira e tente mudá-lo...

Depois de um tempo ausente, retorno com prazer a resenhar para o Saleta de Leitura com um tema que sempre foi um dos meus preferidos: a viagem no tempo.

A história de amor da ficção com este tema e suas mais diversas vertentes é antiga, desde A Máquina do Tempo (1895) de H.G. Wells, passando por clássicos do cinema como :De Volta para o Futuro (1985) de Robert Zemeckis (que foi comoção e meme na internet neste ano) com Michael J. Fox e Christopher Lloyd ;e, O Exterminador do Futuro de James Cameron (1984), com Arnold Schwarzenegger; em produções nacionais destaco O Homem do Futuro (2011) de Claudio Torres, com Wagner Moura, um dos filmes brasileiros que mais gosto.

A lista é enorme, poderia citar livros, filme, histórias em quadrinhos, entre outros. Este tema sempre fascinou os escritores e o público. A pergunta :”O que você faria se pudesse voltar no passado?” sempre intrigou. Quanto poderíamos mudar nossas vidas ou a história mundial, se pudéssemos viajar no tempo? Durante a 1ª Guerra Mundial, o soldado britânico Henry Tandey teve Hitler em sua mira e não atirou. Será que você faria o mesmo se pudesse voltar no tempo, sabendo o que ele fez? Com tanto material já produzido sobre o assunto, sempre fica difícil fazer algo interessante ou inovador, e este desafio que Cristin Terril, em seu romance de estréia Todos os Nossos Ontens, enfrentou e foi bem sucedida.

Não por fazer uma obra inovadora, mas por criar uma boa história equilibrando aventura e romance na dose certa, com alguns conceitos bem trabalhados. Nas obras que citei as viagens no tempo acontecem devido aos mais variados motivos, na Máquina o cientista retorna para salvar a noiva, em De Volta a viagem acontece por acidente, no Exterminador, as máquinas enviam um andróide ao passado para matar o futuro líder da revolução, em o Homem o cientista volta para poder mudar o seu presente e conquistar o seu amor.

Porque citei todas estas obras, porque Todos os Nossos Ontens contém um pouco de tudo isto com um toque personalizado. A história gira em torno de duas protagonistas: Em (é o nome da personagem) uma jovem revolucionária, que vive em uma distopia: o governo dos EUA é uma ditadura totalitária, que passou a utilizar as viagens no tempo para modificar o passado. Em e seu companheiro Finn tentam voltar no passado e modificá-lo, impedindo que a máquina do tempo seja criada e para isto tem que eliminar seu criador.

A outra é a adolescente de 16 anos Marina, uma jovem rica, romântica e um pouco fútil que é apaixonada desde criança pelo seu vizinho e melhor amigo James, um garoto genial que está prestes a fazer a descoberta do século.

E o que acontece quando dois mundos tão diferentes se chocam e a trama se desenvolve: Qual a relação entre Marina e Em? Quanto elas estão dispostas a se sacrificar para defender aqueles que amam.

O livro é bem construído, contado sob o ponto de vista das duas narradoras. A história é bem emocionante e construída. Quando se trata de viagens no tempo é muito fácil o autor se perder, ou deixar furos na trama, principalmente com paradoxos do tipo: “se você voltar no tempo e matar seu avô, como pode ter voltado no tempo para matá-lo, se não existe”.

Vários autores procuram teorias para explicar, e alguns não o porque este paradoxo será (ou não) criado, tais como linhas do tempo alternativas. A autora cria um conceito bem original nesta obra, a teoria do tempo sensível: o tempo se consertaria corrigindo os pequenos paradoxos que são criados. Contudo o pulo do gato da autora, está no final da história, bem amarrada, não deixando furos.

Gostaria de ver a opinião de quem leu o livro, para debater se tenho ou não razão. Então se você quiser deixar sua impressão nos comentários, agradeço.

Em relação aos personagens são todos bem construídos e carismáticos, principalmente o Finn, meu preferido. Eles não são lineares e se transformam ao longo da trama. Os atos dos personagens são bem críveis em relação as personalidades apresentada pela autora. Então não cria aquela frustração ao ler o livro e ver que a atitude de personagem x ou y não condizia com o que foi apresentado.

O final é emocionante, resolvido de forma inteligente e coerente, não deixando margem para possíveis continuações. Uma excelente leitura para quem gosta de aventura, romance e principalmente viagens no tempo!

Book Trailer

Livro cedido pela nossa parceira Editora Novo Conceito

Marcelo Daltro 

Pai e marido apaixonado pelo filhote e esposa, ilustrador, chargista, Bacharel em História (especializado em mito, imaginário e história em quadrinhos), fanático por cultura pop: quadrinhos, filmes, livros, desenhos animados, séries e RPG 
 # Blog: www.bbbcharges.blogspot.com  #  flickr  #   e-mail  # facebook: